Encontros e Assembleias Xingu+
Atualmente, a Rede Xingu+ é formada pela aliança de 53 organizações, sendo 43 indígenas, 5 ribeirinhas e 5 da sociedade civil. Lideranças e representantes dessas organizações se reúnem em Assembleias Bianuais, a fim de debater e deliberar sobre as prioridades de atuação no território do Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental. As Assembleias Bianuais são momentos de avaliação de ações realizadas, troca de experiências, construção de parcerias e definição de estratégias comuns de gestão do território.
1º ENCONTRO XINGU+
Diversidade Socioambiental no coração do Brasil
O 1º Encontro Xingu+ Diversidade Socioambiental no coração do Brasil aconteceu entre os dias 27 e 29 de setembro de 2013, na cidade de Altamira (PA). Organizado pelo Instituto Socioambiental (ISA), o encontro contou com a participação de aproximadamente 120 pessoas, entre lideranças indígenas, extrativistas, representantes de organizações da sociedade civil e governo federal.
O encontro foi uma oportunidade para diferentes povos e parceiros debaterem sobre a diversidade socioambiental da bacia do rio Xingu, as ameaças e pressões sofridas no território e possíveis estratégias de defesa e valorização do Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental.
O evento começou com uma exposição de fotografias de 25 povos indígenas que vivem na bacia do rio Xingu. Ao longo de três dias foram realizadas rodas de conversa sobre o patrimônio a ser protegido, as ameaças de desmatamento e os projetos de estradas, ferrovias, hidrovias e hidrelétricas sobre a bacia do Xingu. Tratou-se também de articulações entre os participantes para fortalecer o patrimônio socioambiental da bacia, com ênfase na criação de uma aliança comum entre todos os povos da bacia do rio Xingu.
"É preciso criar esta linha entre todos os povos do Xingu para continuar este diálogo sobre uma rede de informação e proteção sobre o nosso território, muitos povos não estão aqui, precisamos organizar outro encontro com mais povos, principalmente os da região [de Altamira].”
Para saber mais:
Índios, ribeirinhos e pesquisadores se reúnem para pensar novas formas de proteger o Xingu
Carta do Xingu à presidenta Dilma e ao Congresso Nacional
2º ENCONTRO XINGU+
Diversidade Socioambiental no coração do Brasil
O 2º Encontro Xingu+ Diversidade Socioambiental no coração do Brasil aconteceu entre os dias 22 e 24 de outubro de 2015, na cidade de Altamira (PA). O encontro contou com a presença de cerca de 70 lideranças de 21 organizações indígenas e extrativistas, além de seis organizações parceiras. O objetivo do encontro foi compartilhar informações e experiências para promover a valorização, gestão e a proteção integrada do Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental.
A pergunta “O que nos une">
Para saber mais:
Encontro Xingu+ vai debater gestão territorial e ameaças aos povos indígenas e tradicionais
Povos do Xingu se unem para promover a gestão e proteção integrada de seus territórios
Carta dos Povos Indígenas e Extrativistas da Bacia do Xingu ao Congresso Nacional
3º ENCONTRO XINGU+
Diversidade Socioambiental no coração do Brasil
O 3º Encontro Xingu+ Diversidade Socioambiental no coração do Brasil aconteceu entre os dias 18 e 20 de outubro de 2017, em Brasília (DF), e contou com a participação de cerca de 100 lideranças xinguanas e parceiros. O encontro teve por objetivo promover alianças e fortalecer as parcerias entre os povos do Xingu e seus aliados, para o desenvolvimento de atividades produtivas sustentáveis e a criação de estratégias integradas de gestão de seus territórios.
Neste encontro aconteceu o lançamento da plataforma Xingu+ e do observatório De Olho no Xingu, ferramentas desenvolvidas para dar visibilidade ao Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental e fortalecer a comunicação entre seus moradores. Os participantes do encontro puderam experimentar a plataforma, sugerir melhorias e discutir estratégias de enfrentamento às pressões e ameaças elencadas pelo observatório.
Outro tema abordado no encontro foi o desenvolvimento de cadeias de valor de produtos da floresta. Indígenas e ribeirinhos demonstraram, em rodadas de apresentação, seus avanços na consolidação de alternativas econômicas e, em troca, receberam valiosos relatos de experiências exitosas.
“Somos povos diversos, mas temos um objetivo em comum, que é a proteção do Xingu. Temos que nos unir, levando em consideração as particularidades de cada um. Afinal, o rio que a na sua casa também a pela minha aldeia.”
Para saber mais:
Indígenas e ribeirinhos firmam aliança em defesa do Xingu
Monitoramento de Pressões e Ameaças
4º ENCONTRO DA REDE XINGU+
O 4º Encontro da Rede Xingu+ aconteceu entre os dias 21 e 23 de agosto de 2019 na aldeia Kubenkokre, Terra Indígena Menkragnoti (PA). Cerca de 130 lideranças de 14 povos indígenas e ribeirinhos discutiram as ameaças sobre seus territórios e as alternativas que estão construindo para o futuro.
Grilagem de terras, invasões, roubo de madeira, grandes obras de infraestrutura e pressão da fronteira agrícola provocaram uma explosão na taxa de desmatamento, colocando em risco o território e os povos que ali vivem. Só no ano de 2019, mais de 114 mil hectares de floresta foram colocados abaixo. O desmonte sofrido pelos órgãos ambeintais do governo, como IBAMA e ICMBio, contribuiu para a fragilização das políticas de combate às atividades ilegais. Ao longo do tempo, o Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental tem se consolidado como um escudo contra a devastação. Apesar disso, o território já perdeu mais de um milhão de hectares de vegetação nativa nos últimos dez anos.
Durante o 4º Encontro também foram compartilhadas experiências de atividades produtivas que geram renda às populações do Corredor Xingu e valorizam seus modos de vida e a conservação da floresta em pé. Ao fortalecer a economia dos povos do Corredor Xingu, a produção de castanha, borracha, babaçu, copaíba, pimenta, mel, pequi, sementes de espécies arbóreas nativas e artesanato também contribui para a articulação política dessas populações na defesa de seu território: “Produzimos e comercializamos alimentos orgânicos, podemos colocar no mercado e valorizar a saúde de quem está comprando, além da nossa floresta”, fala Winti Khĩsêtjê.
A Rede Xingu+, que existe desde 2013 como um coletivo de organizações, se consolidou como Rede neste encontro, em resposta aos desafios enfrentados pelos povos do Xingu. Com regimento próprio e uma estrutura de governança definida, os encontros da Rede Xingu+ am a ser deliberativos, com a estatura de assembleias bianuais. A primeira assembleia da Rede foi marcada para o ano de 2021, mas aconteceu de fato em 2022 devido à pandemia de Covid-19.
Ao fim do encontro, os participantes lançaram um manifesto em defesa da floresta e de seus modos de vida:
MANIFESTO XINGU+
Nós, povos indígenas de 15 Terras Indígenas das etnias Mebengokre, Kalapalo, Ikpeng, Yudja, Panara, Khisêtjê, Tapayuna, Parakanã, Arawete, Xikrin do Bacajá, Xipaya, Kuruaya, Arara da Cachoeira Seca e Yudja da Volta Grande, e ribeirinhos das Reservas Extrativistas Riozinho do Anfrísio, Iriri e Xingu, e do Conselho Ribeirinho, todos moradores do Corredor de Diversidade Socioambiental do Xingu, estivemos reunidos no 4º Encontro da Rede Xingu + entre os dias 21 e 23 de agosto de 2019 na Aldeia Kubenkokre, TI Menkragnoti, sul do Pará, para discutir as ameaças sobre os nossos territórios e as alternativas que estamos construindo para o nosso futuro.
Estamos extremamente preocupados com o que está acontecendo atualmente no Brasil. O Governo diz que nós, os povos da floresta, queremos viver como todos os brasileiros e que não precisamos mais de nossas terras. Mas isso é mentira! O Governo quer abrir os nossos territórios para a exploração econômica dos fazendeiros, garimpeiros, mineradoras, madeireiras, hidrelétricas, rodovias e ferrovias. Nós queremos viver com saúde, com as nossas culturas vivas, caçando, pescando, cultivando nossos alimentos e protegendo a floresta que herdamos dos nossos anteados.
Exigimos que se cancelem todos os projetos de lei ou de reforma da Constituição que pretendem liberar a mineração (PL 1.016/96) ou o arrendamento (PEC 187/343). Exigimos que sejam retomadas e fortalecidas as ações de fiscalização ambiental freando o avanço do desmatamento, os incêndios criminosos e a invasão dos nossos territórios como está acontecendo neste exato momento com apoio e incentivo do atual governo. Exigimos a desintrusão imediata de nossos territórios invadidos. Exigimos que parem de jogar toneladas de agrotóxicos em nossos rios e florestas, envenenando nossos alimentos e nossas famílias. Exigimos que o Governo pare de insultar as nossas lideranças e respeite sua legitimidade política.
Queremos que a Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial de Terras Indígenas (PNGATI) seja implementada, respeitando nossos Planos de Gestão. Queremos também a implementação das Unidades de Conservação e respeito às suas comunidades tradicionais.
Queremos políticas públicas de saúde e educação escolar verdadeiramente diferenciadas e de qualidade dentro de nossos territórios. Queremos políticas públicas que incentivem e fortaleçam nossos produtos da floresta. Estamos produzindo mel, óleos, farinhas, castanhas, pimentas, borracha, sementes, artesanatos, água e ar puro.
Somos responsáveis pela proteção da floresta do Xingu, que beneficia toda a região e os moradores das grandes cidades, contribuindo para o equilíbrio climático essencial para o país e para o mundo. Queremos o reconhecimento e respeito aos nossos modos de vida e também participar das decisões sobre o futuro do Brasil. Exigimos ser ouvidos, especialmente sobre aquilo que nos afeta, conforme garante a Convenção 169 da OIT, que é lei no Brasil.
Nunca vamos deixar de ser os povos do Xingu, nunca vamos abandonar as nossas terras, queremos deixá-las para nossos filhos e netos. O Xingu é um só.
Aldeia Kubenkokre, Pará, 23 de agosto de 2019
Instituto Kabu
Instituto Raoni
Associação Floresta Protegida
Associação Cultural Indígena Kapot Jarina
Associação Terra Indígena Xingu
Associação Iakiô – Panara
Associação Indígena Kīsêthjê
Associação Yarikayu – Yudja
Associação Indígena Moygu Comunidade Ikpeng
Associação Indígena Tapayuna
Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Riozinho do Anfrísio
Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Iriri
Associação dos Moradores da Reserva Extrativista Rio Xingu
Conselho Ribeirinho Xingu
Associação Pyjahyry Xipaya
Associação Bebo Xikrin do Bacajá
Associação Indígena Kuruaya Yrinapanha
Conselho Arawete
Associação Tato’a Conselho Parakanã
Associação Kowid – Arara da Cachoeira Seca
Associação Yudja Mïratu da Volta Grande do Xingu
Associação Indígena Korina – Juruna
Associação Indígena Kumarewa – Juruna
Associação Ajuvik – Juruna
Associação Indígena da Aldeia Curuá – Kuruaya
Associação Indígena Tapawia
Associação Kowid
Associação Kuywui
“Nunca vamos deixar de ser os povos do Xingu, nunca vamos abandonar as nossas terras, queremos deixá-las para nossos filhos e netos. O Xingu é um só.”
Para saber mais:
Do Xingu para o mundo, pela Amazônia
Manifesto Xingu+ | Xingu+ Manifest
1ª ASSEMBLEIA (5º ENCONTRO) DA REDE XINGU+
Em contexto pandêmico, e com um ano de atraso, a 1ª Assembleia (5º Encontro) da Rede Xingu+ aconteceu entre os dias 9 e 14 de maio de 2022, na aldeia Khikatxi, Terra Indígena Wawi. Esse foi o primeiro encontro deliberativo da Rede, ou seja, com estatura de assembleia, e contou com a participação de lideranças de 25 povos indígenas e comunidades ribeirinhas, que discutiram sobre as prioridades da Rede e reforçaram a aliança pela defesa da floresta em toda a bacia do rio Xingu.
Oito organizações se juntaram à Rede Xingu+, que se expande em um momento crucial de ataques aos direitos dos povos indígenas e comunidades tradicionais. A assembleia também foi um espaço de troca entre os mais velhos e a juventude, onde as lideranças mais antigas compartilharam experiências e os jovens mostraram que a luta seguirá viva e ativa.
Dentre os principais temas tratados estiveram o garimpo ilegal, uso de agrotóxicos, obras de infraestrutura, projetos de lei que ameaçam os povos indígenas e ribeirinhos e mudanças climáticas. Foram também debatidas as iniciativas da economia da floresta, o protagonismo dos movimentos de mulheres do Xingu e a formação dos jovens comunicadores por meio da Rede Xingu+.
Ao final da assembleia, os participantes publicaram a carta-manifesto da 1ª Assembleia da Rede Xingu+, disponível aqui.
Para saber mais:
Rede Xingu+: somos maioria na defesa das nossas florestas e dos nossos territórios!
2ª ASSEMBLEIA (6º ENCONTRO) DA REDE XINGU+
A 2ª Assembleia (6º Encontro) da Rede Xingu+ aconteceu entre os dias 28 e 31 de maio de 2024 na Reserva Extrativista Rio Iriri, na Terra do Meio (PA). Durante quatro dias, 53 organizações indígenas e ribeirinhas – 21 recém-integradas – e cerca de 350 defensores e defensoras do Xingu se reuniram para trocar experiências e criar estratégias comuns de defesa do Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental.
Desmatamento, roubo de madeira, estradas ilegais, megaprojetos de infraestrutura, mudanças climáticas e projetos de crédito de carbono e REDD+ foram temas muito debatidos pelos participantes. Em um momento de tantas ameaças, a aliança entre os povos do Xingu foi reforçada como um caminho para barrar a destruição.
A assembleia contou também com a participação de muitos jovens, especialmente do grupo de comunicadores da Rede Xingu+, que esteve à frente do registro e divulgação do evento.
Ao final do último dia da assembleia aconteceram as eleições para o Conselho Político e a Secretaria Executiva da Rede Xingu+, que será exercida pelo Instituto Socioambiental por mais dois anos. Foram integradas mais duas cadeiras ao Conselho Político, totalizando agora nove titulares e nove suplentes.
As estratégias e prioridades de atuação para os próximos dois anos, deliberadas na Assembleia, incluíram: o reconhecimento do Corredor Xingu de Diversidade Socioambiental como um Mosaico de Áreas Protegidas; a revisão do sistema de operação da usina hidrelétrica de Belo Monte, com sistemas alternativos de usos da água; a luta pela desintrusão de territórios invadidos por atividades ilegais; a luta pela consulta livre, prévia e informada sobre obras de infraestrutura na região; o apoio aos movimentos de mulheres indígenas e ribeirinhas do Corredor; e a valorização dos jovens nas organizações políticas.
A carta-manifesto da 2ª Assembleia da Rede Xingu+ está disponível aqui.
“A proteção da Bacia do Xingu é fundamental para que os peixes possam se reproduzir. Assim, os meus filhos e netos continuarão existindo. O Xingu é um pai e uma mãe, eu como o peixe que vem do rio e se o peixe está doente eu também vou ficar doente, assim como os nossos parentes indígenas, pois a Bacia do Xingu é uma só. É fundamental proteger o Xingu, pois nós somos o Xingu.”